As Irmãs Escolápias heroicamente se deixaram sensibilizar pelo bairro Palmital, em Santa Luzia, dispondo tempo, paciência, luta e esforços em prol de uma comunidade até pouco tempo privada de quase todos os direitos básicos, como saúde, escolas, infraestrutura, lazer.
Com a chegada da Irmã Diva Lopes à comunidade, lembrada com muito afeto até os dias atuais, grandes passos foram dados rumo à concretização de um ideal de que gerir o social era muito mais do que dar o que “sobra”.
Assim, 2005 foi de grande importância para centenas de famílias, pois tornou realidade o Centro Cultural Calasanz, que leva o nome de grande pedagogo espanhol, José de Calasanz, canonizado pela Igreja e que no século XVI deixou todas as regalias oferecidas pela Igreja daquele período para se dedicar à primeira escola popular e gratuita de Roma e fundar uma ordem religiosa.
As Irmãs Escolápias seguiram o passo desse pedagogo, que influenciou, cem anos mais tarde, a Madre Paula Montal, também canonizada, que além do ensino deixou a missão de salvar famílias pelo poder transformador da educação.
Hoje, com trabalho bem estruturado e reconhecido, as atividades no Palmital já são parte integrante da rotina da comunidade. Utilizando diversas frentes pedagógicas que buscam o crescimento intelectual, afetivo e moral das crianças, chama a atenção a atividade circense, uma das oficinas mais concorridas, pois leva aprendizes ao limite do conhecimento versus prática, além de estimular o trabalho em grupo, a confiança no outro, em si mesmo, nos instrutores. O lúdico os tira por vezes da dura realidade e os transporta para um mundo apenas sonhado. Fazem do ambiente um lugar de aprendizado com suavidade, beleza, alegria e, acima de tudo, carisma.
Ali também acontecem atividades do coral, oficinas esportivas de futebol masculino e feminino e basquete. Nesses esportes de contato mais firme, vão aprendendo as regras do jogo: a se desculpar, a saber interagir, partilhar a bola, ganhar e perder.
Não se pode deixar de citar as aulas de flauta doce, em que alguns chegam com o instrumento pendurado no pescoço para não sujar ou perder. No repertório, Milton Nascimento, Mozart e outras belas obras ouvidas de longe. Falta falar da oficina de violão, em que até os pequenos que aparecem com um instrumento sem cordas ou mal conservado, ao fim de um período já conseguem tirar daquela fantástica caixa de madeira notas e esboços de canções populares. O trabalho da informática, espécie de conexão com o mundo distante e próximo da internet é outra janela que se abre na vida de quem participa dos projetos.
E o melhor de tudo: ali acontece a educação, que não se restringe ao giz e cadernos, mas intuitiva, participativa, parte do carisma de um grupo de artistas da inteligência que soube ver naqueles pequenos, futuros homens e mulheres de uma nova humanidade.
O dia não ficaria completo sem as oficinas de formação humana e um momentinho para ir à capelinha rezar, agradecer, ficar em silêncio, entrar em contato com algo grandioso, que alimenta de outra forma.
Esse é o Centro Cultural Calasanz, sempre de portas abertas para receber com alegria os visitantes e entusiastas da missão.
Caso você queira fazer parte ou conhecer ainda mais esse projeto, uma forma de disseminar a educação é também levar espetáculos circenses e musicais a vários lugares possíveis. E se você fizer parte de um grupo de pessoas dispostas a doar e ser um aventureiro, como as Irmãs Escolápias, a instituição tem imensa alegria em receber doações e fazer com elas esses pequenos milagres do dia a dia.
Saiba como doar, ajudar, enviando um mail para: projetos@assedef.com.br.
Fonte: jornal Hoje em Dia de 05/04/2016